Super-Man
A Verdadeira História De... Superman - Parte I
Bem, depois do sucesso do meu anterior trabalho de investigação sobre a vida do Superman, decidi aprofundar um pouco mais o meu conhecimento do tema. E cheguei a uma conclusão curiosa - assim como se diz que a Bíblia é uma visão romanceada da vida de Cristo, também as histórias que nos contam sobre este super-herói (conhecidas colectivamente como o "Relato") não são completamente verdade.
Assim, e após um apurado esforço de investigação, onde não deixei nenhuma pedra por virar, por muitos lagartos que pudessem sair de debaixo das mesmas, e mesmo sabendo que irá muita gente por esse mundo fora dizer-me "Cala-te!", venho, finalmente, revelar a Verdade por detrás do Mito. Deixo desde já o agradecimento à Imaginação e à Inspiração pela sua ajuda nesta investigação.
Resta-me dizer uma coisa - sim, farei o mesmo esforço de investigação para o Homem-Aranha. Afinal, não seria bonito fazer este trabalho para o super-herói favorito dos outros, e não o fazer para o meu, certo?
Bem, para começar, convém desfazer um mito - Krypton não explodiu. Sim, eu sei, como é que é possível vocês terem sido enganados durante tanto tempo? Epa, acontece. Não vale a pena pensarem mais nisso. A verdade é que o Kryptonianos aperceberam-se que nós começávamos a dar os primeiros passos nos nossos programas espaciais, e isso trazia-lhes um problema - uma coisa era observarem os seus vizinhos saloios (ou seja, nós) à distância, e rirem-se com as suas argoladas; outra era terem os referidos vizinhos a deslocarem-se a Krypton, em circuitos de sonho, do tipo "Venham visitar os maravilhosos palácios de cristal" ou "Venham para os fabulosos hóteis de cristal, a dois passos das deslumbrantes praias" ou ainda "Venham para o fabuloso circuito dos mirones, onde poderão observar os balnerários femininos dos ginásios de cristal".
Não, amiguinhos, os Kryptonianos não estavam nada entusiasmados com a perspectiva de um dia nos terem lá aos magotes, em pacotes de duas semanas, a empanturrar-nos de comida ao pequeno-almoço para tentarmos poupar uns trocos ao almoço. Assim, para afastarem a nossa atenção para outro ponto da galáxia, decidiram inventar aquela história sobre a destruição do seu planeta. Inicialmente, criaram uma história algo vaga sobre como o planeta teria sido destruído pelo caruncho, mas depois acharam melhor algo mais preciso e pormenorizado, do tipo "Olha, explodiu, e pronto, tá bem???".
Bem, desfeito este mito, centremo-nos, então, em Kal-El. Ou, por outra, no homem a quem os seus pais chamavam Kal-El, pois que era esse o nome que lhe tinham querido dar. No entanto, devido a um erro no registo, o nome do nosso super-herói ficou Kam-El. Tendo em conta o layout dos teclados Kryptonianos, não é um erro que cause estranheza.
Por falar em pais... lembram-se do Jor-El e da Laritamonti-El (mais conhecida pelo seu diminutivo, Lara). Bem, dizem as más línguas - e admito que não consegui confirmar estes boatos - que o pai do Kam-El é Leon-El, empresário conhecido como o Rei do Past-El, e que era sócio de Jor-El no seu casino El-dorado.
Bem, mas se Krypton não explodiu, então porque é que o Kam-El veio para a Terra? Por um lado, Jor-El já há algum tempo que queria expandir os negócios da família. Claro que ele tinha consciência que isso não se faria da noite para o dia, mas, graças à força sua sobre-humana, o velhote achou que Kam-El poderia ter futuro na construção civil, ou como segurança, ou até mesmo a arrumar carros, e a partir daí construir o seu império.
Por outro lado, o governo Kryptoniano precisava que alguém espalhasse cá pelo burgo a patranha da destruição de Krypton. A Oposição opunha-se à ideia, e achava que o melhor seria fazer outra coisa, apesar de ninguém saber muito bem o quê. Além disso, dizem - mais uma vez - as más línguas que o pequeno Kam-El estava cada vez mais parecido com Leon-El, incluindo o promenor da unhaca para limpar a orelhita e de nunca fumar um charuto até ao fim, e Lara estava com algum receio, pois Jor-El começava a desconfiar que algo de estranho se estava a passar.
Por tudo isto, lá meteram o pequeno Kam-El numa das suas naves Fam-El, de design Fat-El, e recambiaram-no para o planeta Merra (sim, mais um infeliz erro de registo; tendo em conta o layout dos teclados Kryptonianos, não é um erro que cause estranheza).
Uma das coisas que contam no Relato é verdade - o puto aterrou mesmo em cheio na horta do casal Quente (que estavam, na altura, a fazer jus ao nome). Jonastão Quente e Martinha Leite Quente (o que vem provar que o Amor não escolhe apelidos) ouviram o estrondo e vieram de imediato ver o que se passava, ainda semi-nús. Eles tinham uma pequena padaria, chamada "Pão Quente", e passavam um calor infernal para fazer o pão a noite toda.
Desde cedo, os Quente aperceberam-se que o seu filho adoptivo era algo... invulgar. P.ex., uma vez o professor do rapaz, Dr. Francisco Tada (Xico, para os amigos), queixou-se que Kam-El não só não reagia às suas medidas pedagógicas, como ainda por cima lhe dava cabo das chibatas que ele utilizava para exercer as supra-citadas medidas. Apesar destes pequenos contratempos, a carreira escolar de Kam-El foi um sucesso - a sua visão raio-X permitia-lhe copiar à fartazana, conseguindo assim criar a impressão de que era um aluno brilhante.
Ao atingir a adolescência, os Quente decidiram começar a arranjar actividades para manterem Kam-El ocupado, pois não sabiam até que ponto o jovem Kryptoniano seria compatível com as raparigas da Terra. Porém, o jovem rapidamente se desinteressava de tudo... até que descobriu o ballet.
Esse foi o ponto de viragem para o jovem Kam-El, que passou a adorar andar de collants, e com umas roupas assim meio... efeminadas. Foi também nesta altura que Kam-El conheceu Lixor e o seu cão, Rex. Aliás, conheceram-se quando Kam-El estava a passear a sua cadela, Lassie (ninguém sabia, mas esta havia sido abandonada pelo pequeno Timmy, que estava farto da brincadeira idiota da cadela, em que ele tinha sempre que ficar preso debaixo do tractor). Os cães meteram conversa, e os donos também. Rapidamente nasceu uma amizade entre ambos, apesar de Lixor achar aquele hábito de vestir as tais roupas efeminadas um pouco perturbador. No entanto, pouco tempo depois, Kam-El e Lixor tornar-se-iam inimigos mortais, devido a uma questão sentimental. Rex engravidou Lassie e recusou-se a assumir a paternidade da ninhada. Nesse dia, Kam-El e Lixor juraram votos de ódio eterno.
Lixor queria o Poder Absoluto, e tinha um plano engenhoso para o obter - descobrir o local onde o guardavam e roubá-lo. Mas não seria fácil. O Poder Absoluto era incansavelmente guardado dia e noite por uma ninhada de cães, com intervalos para mamarem e para dormirem, claro.
Lixor sabia que teria que planear tudo com muito cuidado, caso contrário os cachorrinhos poderiam detectá-lo e fazer-lhe coisas horríveis - lamberem-lhe a cara ou deitarem-se aos seus pés de barriga para cima a pedir-lhe que os coçasse, ou darem-lhe uns latidos ternos e amigáveis... ugh! Isso era o pior! Ele nunca poderia ser o Ditador do Mundo com uma ninhada de cachorrinhos amorosos atrás dele o tempo todo...
O plano de Lixor era brilhante, mas infelizmente falhou num pormenor. No dia em que ele foi roubar o Poder Absoluto, a mãe dos cachorrinhos, Lassie, havia instalado um emissor, para acordar caso os seus pequerruchos precisassem de alguma coisa. Ao ouvir toda a agitação, acordou Kam-El. Este, meio ensonado, ainda lhe disse "O que se passa, pequena? Estás a tentar dizer-me alguma coisa? É o pequeno Timmy que está debaixo do tractor outra vez?", até que ela o mandou à merda, deu-lhe duas valentes patadas, e apontou para o receptor, onde se ouvia claramente os cachorrinhos numa exibição doentia de fofura e carinho, e a voz de Lixor a gritar nomes pouco fofos e carinhosos.
Imediatamente, Kam-El vestiu a primeira coisa que encontrou, que era o seu fato de ballet. Na pressa até vestiu as cuecas por fora do fato, o que se acabaria por se tornar na sua imagem de marca. Ao sair disparado janela fora, um dos cortinados vermelhos prendeu-se no seu pescoço e foi arrancado pela poderosa força sobre-humana de Kam-El, completando o quadro. The rest, as they say, is History.
E pronto. Por hoje, o meu esforço de investigação fica por aqui. Espero que tenho sido útil, no sentido de vos revelar um pouco mais sobre este super-herói que todos os dias utiliza a sua visão raio-X para espiar os balneários femininos dos ginásios, enquanto voa mundo fora para nos proteger.